sábado, 14 de novembro de 2015

A cura do filho de Timeu

São Marcos situou com precisão o momento do episódio da cura do filho de Timeu.   Jesus antes de chegar a Jerusalém atravessou Jericó, situada às margens do Rio Jordão. Ele saiu da cidade acompanhado dos discípulos e muita gente, ou seja, os peregrinos que iam também para a Páscoa na Cidade Santa. Para aquela multidão Bartimeu não passaria de um inoportuno. 

Era um dependente dos outros, um mendigo e, além do mais ele se pôs a gritar. Era, assim, uma figura desprezível. Aí a primeira lição deste acontecimento. Há um sem número de pobres menoscabados ao longo dos caminhos da vida percebendo passar os que se dizem estar com Cristo, estendendo a mão para um pouco de amizade, um olhar de comiseração, para um instante de diálogo e, no entanto,  são marginalizados. 

Para Jesus a presença daquele cego iria ser uma vez mais ocasião de contestar o egoísmo daqueles que o seguiam. Ele era o protagonista daquela marcha solene para a Capital, o heróis daquele grupo que caminhava para  honrar a Deus e viu como as pessoas se irritaram com os clamores daquele mendicante. Este pedia piedade ao Filho de Davi que por ali passava. Jesus parou e todos ficaram atentos a sua reação diante da impertinência de Bartimeu. Todos queriam que ele se calasse, mas aos olhos de Jesus ele se tornaria um privilegiado do Seu amor.  Jesus era um pedagogo admirável e vai mostrar a todos o que é a caridade ativa. Ele, delicadamente, não passa uma reprimenda aos que se implicavam com o cego, mas diz simplesmente: “Chamai-o”. O Mestre vai ensinar! Se àquele povo ele ministraria um exemplo de amor ao próximo, a Bartimeu ele educaria e firmaria a fé. Jesus o interroga: “Que queres que eu faça para ti” É claro que um cego queria era enxergar, mas a palavra era importante para a comunicação entre ele e o poderoso Rabi da Galileia. 

 Ele não podia ver nem entrever a bondade que irradiava o rosto bondoso de Cristo. Jesus dá uma oportunidade àquele homem de se exprimir com sinceridade, sem rodeios, o que ele de fato desejava, revelando sua confiança absoluta no Seu poder. Soou então o pedido daquele cego: “Mestre , que eu veja”. Esta prece precisa ser tantas vezes repetida, porque muitos são aqueles que são cegos espirituais. Não veem tantas maravilhas em seu derredor e vivem se queixando de Deus. Poucas vezes Lhe agradecem os favores recebidos. Não enxergam Jesus na figura do próximo, sobretudo do próximo mais próximo que é aquele com o qual se convive sob o mesmo teto. 

Não avistam os pináculos reluzentes da Casa do Pai e, por isto, se apegam ao que é transitório nesta terra de exílio. Felizes os que se consideram cegos, mas confiantes; cegos, mas certos de que Jesus é o Médico divino que sana toda enfermidade e clarifica a vista para que se mirem os valores espirituais. Cumpre, de fato, deparar os traços do amor de Deus, para poder sentir Sua dileção e Sua fidelidade na obra de salvação de cada um. É preciso perceber as intenções falsas e perniciosas das ideologias reinantes difundidas pelos meios de comunicação social. Olhos para ver como é belo, nos momentos de provação, sofrer com Jesus, pela Igreja e pela salvação do mundo. Ver, compreender o mundo que se acha em torno de cada um, ver a si mesmo. Com toda humildade, ousar solicitar: “Jesus, faça que eu veja”. Tudo isto para testemunhar o Evangelho por toda parte.

 Se tal acontecer se poderá escutar Jesus a dizer após esta cura da visão espiritual: “Vai, a tua fé te salvou”. Então o cristão coloca os seus passos nos passos do Mestre divino, se põe a caminhar com segurança glorificando verdadeiramente a Deus. É de se notar finalmente que quando Bartimeu gritava “Filho de Davi, tem piedade de mim”, muitos mandavam que ele se calasse. No contexto histórico atual, mais do que nunca, são inúmeros os obstáculos para que se possa chegar até Jesus, todo cuidado é pouco para que o cristão possa em tudo ser fiel a seu Senhor vivendo intensamente o seu Batismo que o tornou participante do múnus sacerdotal de Cristo, de Sua missão profética e de Sua realeza. 

O cego não se intimidava e clamava mais alto ainda como bem registrou São Marcos. Indene a todas as dificuldades levantadas por um mundo eivado de hedonismo e materialismo, ileso a todas as vozes do mal, o bom seguidor de Cristo nunca fraqueja nas suas orações, vence o mundo e com Jesus opera proezas, levando a muitos a enxergar as realidades que  salvam e trazem a verdadeira felicidade.

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