quinta-feira, 2 de julho de 2015

A solução para um grave problema social

No momento em que este país se aterroriza com a criminalidade, inclusive praticada pelos adolescentes acobertados pela legislação vigente, muitas vezes não se vai ao cerne do problema.

 O que na verdade deveria ser aprofundada é a questão da  educação. O estado deplorável em que se acham as Escolas, inclusive as Universidades, é bem a amostra da falha dos governantes. 

Verbas altíssimas são aplicadas em setores sociais, muitas vezes incentivando a indolência com um paternalismo censurável. Enquanto isto, as verbas para o Ensino são cortadas. No entanto, ou se valoriza a Educação ou o abalo ético crescerá assustadoramente para ruina de toda a população. 

Como muito bem salientou Daniel Fernandes, “problemas como desigualdade e exclusão social, impunidade, falhas na educação familiar, desestruturação da família, deterioração dos valores ou comportamento ético, individualismo, consumismo e a cultura do prazer estão diretamente ligados à violência do Brasil”. Todo ser humano é educável. O que se esquece, porém, é que a escolaridade tem por obrigação preparar as crianças, os adolescentes e jovens para levar uma vida moral decente. Quando qualquer um dos preceitos do Decálogo são depreciados, não é possível uma ética consistente. Matar ou roubar é ir diretamente contra dois princípios fundamentais, mas são esquecidos, sobretudo, o sexto e o nono mandamentos. Abre-se então a porta para todas as aberrações. Impera uma sexualidade degradante e o matrimônio é vilipendiado.

Fala-se até em casamento entre pessoas do mesmo sexo, o que é um desvirtuamento do termo casamento e da própria finalidade do sexo. Falta, além disto, a muitos educadores desenvolver a capacidade cognitiva dos alunos, levando-os a raciocinar, para tomarem decisões corretas e não simplesmente aceitando o que é propalado pela mídia.

O senso crítico, realmente, não é cultivado, mesmo porque a indolência intelectual é alimentada por falta de uma pedagogia verdadeiramente formativa. Que se formem brasileiros colaborativos que, de fato, pensem e tenham responsabilidade diante da vida  e do desenvolvimento do meio humano no qual cada um se acha integrado, sob pena de se ver agravado o caos social. Nem se pode esquecer o mau exemplo dado por tantos políticos e o quadro de corrupção que enlameia a história atual deste país não favorece em nada uma perspectiva de novos dias e novas esperanças de uma pátria onde impere realmente a “ordem e o progresso”. 

Em síntese, razão tem João Paulo dos Reis Velloso, Presidente do Instituto Nacional de Altos Estudos, ao afirmar que há “necessidade de transformar a Educação, para que a Educação transforme o Brasil”. Uma cruzada patriótica para que surja a perspectiva de dias melhores, começando pelas ações educacionais, precisa então ser urgentemente incrementada.

O preciosíssimo Sangue de Jesus

O mês de julho é consagrado ao preciosíssimo Sangue de Cristo e oferece oportunidade para profundas reflexões sobre esta moeda de valor infinito com que o Redentor saldou a dívida infinita da criatura para com o seu Criador (1 Pd 1,18). O Sangue do Mártir do Gólgota é de uma dignidade, de um valor e de uma eficácia infinitos. 

Nos altares da humanidade imolações foram feitas, mas somente no Altar da Cruz houve a plena regeneração do gênero humano. 

Diz a Carta aos Hebreus: “Se o sangue dos bodes e dos touros, e a cinza de uma novilha aspergindo os impuros os santifica quanto à pureza da carne, quanto mais o sangue de Cristo que pelo Espírito Santo se ofereceu a si mesmo sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência das obras da morte para servir a Deus vivo?” (Hb 9, 18 ss) . Este sangue foi formado da mais pura das virgens, nunca manchado pelo hálito do pecado e santificado pela união íntima com a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja, por tudo isto, o tem na mais total estima (Hb 10,29).

Vale mais que o mundo inteiro, vale todo o céu. Todo nosso destino de redimidos está inseparavelmente ligado a ele. Através da Eucaristia ele circula na vida dos cristãos, purificando-os, inebriando-os, santificando-os a cada Comunhão. A virtude dos Sacramentos brota do poder de sua eficácia. Derramar o seu sangue foi da parte de Cristo um ato decisivo no que tange a salvação dos homens, os quais se salvariam não por seus próprios méritos, mas pelos merecimentos de um sacrifício divino. 

É bem verdade que cada um deve se dispor a receber os frutos do Calvário, segundo os dizeres de Santo Agostinho: “Aquele que te criou sem ti, não te salvará sem ti” (S.Augustinus, Super Ioannem, - Sermão  169, 13 - PL38, 923). Acrescenta o Bispo de Hipona: “O sangue de Cristo é salvação para quem o valoriza, perdição para quem o despreza”. (In Sl 22,6). Cumpre valorizar o sangue de Jesus pelas boas obras, pela observância dos Mandamentos divinos, condição sem a qual inútil se torna tanto sofrer de Jesus. Aquele, porém, que dar valor a  tal padecimento sente a renovação total de seu ser, então inebriado pelo sangue que regenera e transforma o pecador numa nova criatura. Este sangue é uma bebida de amor, preparada com dileção imensa, comunicada com afeto sem par. 

Prensada pela dor mais pungente, é bebida confortadora, que é fonte de fortaleza, de coragem. É preciso amar e adorar este sangue divino, penhor de vida eterna. Diz, com efeito, o Apocalipse que Cristo se apresentando: “ com o próprio sangue, entrou uma só vez para sempre no Santuário do céu, havendo obtido uma eterna redenção da linhagem humana” (Hb 9,12). É que este sangue fala mais alto que o de Abel (Hb 12,24). Ele foi derramado no dia da Circuncisão (Lc 2,21) e, depois, desde o Gethsemani (Lc 22,44)  até após a morte do Salvador, quando um soldado lhe abriu o lado donde correram sangue e água (Jo 19,34). São, realmente, “felizes os que lavam suas vestimentas no sangue do Cordeiro” (Apoc 22,14). Este sangue que é mais rubro que os rubis, alveja a alma tornando-a mais branca do que a neve. 

Ele é o pára-raios diante de tantos crimes cometidos mundo todo. A multidão enlouquecida pediu que este sangue caísse sobre ela (Mt 27,25), mas através dos tempos os cristãos rezariam contritos: “Sangue de Cristo, inebriai-nos”, isto é, enlevai-nos nas delícias da comiseração divina. A Santa Teresa Jesus assim falou: “Filha, eu quero que meu sangue te aproveite e não tenhas medo que te falte minha misericórdia. Eu o derramei com muitas dores para que tivesses o deleite de minha dileção”. 

Muitos artistas compreenderam o mistério do sangue de Cristo e, sangrando, O retrataram na Cruz. O Sangue de Cristo é um apelo a corresponder com muito empenho a tanto amor com que Jesus o derramou. É um clamor para que cada batizado procure ser santo, para conseguir a própria salvação, jamais depreciando o preço desta redenção

A Sabedoria de Jesus

Na Sinagoga de Nazaré todos ficaram encantados com as palavras do Mestre Divino, Jesus Cristo, e exclamavam: “Que sabedoria foi esta que lhe foi dada’? ( Mc 6, 2). Cristo era a fonte mesma da sabedoria. 

Todas as palavras que quisermos escolher jamais poderiam traduzir a grandeza do Filho de Deus, Sabedoria infinita.  Ele era bem mais do que um simples sábio. São Lucas assinalou que o Menino Jesus se fortificava e estava cheio de sabedoria (Lc 2,40). O mesmo evangelista  registrou que no templo de Jerusalém, ainda criança,  suas respostas maravilharam os mestres que ali estavam (Lc 2,47). Mais tarde em Nazaré seria na Sinagoga de sua terra que seus ouvintes seriam arrebatados com suas divinais palavras. 

Durante sua vida pública ele empregou parábolas, citou provérbios e revelou uma cultura que não conhecia fronteiras.  Até Ernest Renan,  famoso escritor francês, homem sem fé, reconheceu que a Parábola do Filho Pródigo é uma das joias da literatura universal. É que Jesus mesmo pôde atestar que sua sabedoria era muito maior do que a de Salomão (Mt 12,42). Deve-se se notar que no Antigo Testamento a Sabedoria existe em Deus desde toda a eternidade.  Está no Livro do Eclesiástico a referência à Sabedoria: “ Eu saí da boca do Altíssimo e como vapor cobri a terra [...] Antes dos séculos, desde o princípio (o Altíssimo)  me criou e por todos os séculos não deixarei de existir” (Ecl 24, 3. 9).  

A Sabedoria  participa da criação de tudo e foi enviada ao mundo (Pv 8,30). Pois bem, esta Sabedoria é Jesus como São João bem mostrou: “No começo era o Verbo e o Verbo era Deus [...] Tudo foi criado por Ele [..] E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” ( Jo 1,2-3. 9). Então a luminosa claridade da Sabedoria Eterna brilhou nesta terra. 

Ele a imagem do Deus invisível, primogênito da criação, reflexo da glória divina, palavra encarnada no tempo. Eis por que ele se distinguia dos escribas e não tivera a necessidade de seguir um programa de formação de teólogo especialista. Apresentou-se como um verdadeiro Profeta. Legislador e Taumaturgo. Quem percorre com atenção os Evangelhos percebe que Ele adotou  o gênero literário sapiencial com um discurso maravilhosamente persuasivo. 

Jesus foi um pregador inigualável, um orador que superou os maiores tribunos da Grécia e de Roma e que nunca seria sobrepujado através dos tempos. Suas bem-aventuranças, suas promessas de felicidade e de êxito em busca de um reino eterno, suas sentenças fulgurantes, suas belíssimas comparações, suas normas de vida O distinguem de todos os outros doutores. 

Enigmas eram resolvidos a nível profundo. Seus adversários eram desmascarados com uma finura extraordinária como aconteceu, por exemplo, quando O quiseram jogar contra o Império romano, ao indagarem   se deveriam ou não pagar tributo a César. Sua resposta foi incisiva e até irônica: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Queriam apedrejar uma mulher adúltera, 

Ele se inclina a escrever no chão e, depois, com voz forte argui: “Quem estiver sem pecado atire a primeira pedra”. Os acusadores se retiram, a começar pelos mais velhos. Ele, porém, não passou recibo nos pecados daquela mulher, dado que  com ternura lhe diz: “Não tornes mais a pecar”. Seus conselhos registrados pelos evangelistas, entendidos no âmbito mais vasto e universal possível, são dirigidos a todos os homens de todos os tempos e lugares de modo personalizado. 

Então, ao se refletir sobre a sabedoria de Jesus cumpre a cada um se indagar se realmente frequenta na prática a Escola deste Mestre admirável, Conselheiro sapientíssimo. Quem se matricula no Educandário de Jesus e vive o que Ele ensinou jamais se sentirá frustrado, pois terá captado o verdadeiro sentido da vida. 

Ele é, realmente, a Palavra Eterna e jamais alguém doutrinou como Ele. Nenhuma obra literária jamais publicada, nem mesmo a mais bela, a mais maravilhosa na forma, a mais rica no conteúdo, nunca teve o esplendor do Evangelho. Nele se acha toda a revelação de Deus; nele se depara a paz, por ele se resolvem os problemas humanos mais complexos.

 A doutrina do Filho de Deus é a manifestação fidedigna da Verdade que liberta, mostra o caminho seguro da beatitude, e conduz à vida beatífica na eternidade. Ninguém nunca falou com tanta sabedoria como Jesus falou!

A Fé em Jesus

O episódio da tempestade no lago traz à baila a reflexão sobre a autêntica fé em Jesus (Mc 4,35-41). Com efeito, os apóstolos contemplaram o lado humano e divino de Cristo (Mc 4,35-41). Enquanto homem, Ele na barca, cansado, repousava, “a dormir sobre um travesseiro”. 

Diante da tempestade e das ondas que açoitavam o barco os discípulos amedrontados despertaram o Mestre para que Ele os socorresse naquela emergência. São Marcos relatou com precisão o que ocorreu então: “Ele, levantando-se, imperou ao vento e disse ao mar: “Cala-te”. “Acalma-te”. O vento cessou e fez-se  uma grande bonança”  

Como, porém,  os apóstolos estavam  com muito medo, receberam uma reprimenda de Cristo: “Como é que ainda não tendes fé?” É a fé que induz a compreender o interior da pessoa do Filho de Deus, como é o amor que permite captar verdadeiramente um ser humano. 

Esta fé é que leva a apreender a verdade e a exatidão dos atos realizados por Cristo. Cumpria aos discípulos passar de uma percepção exterior dos feitos do poderoso Rabi da Galileia para uma concepção interior do Salvador da humanidade. Através dos tempos todos aqueles que se limitaram a admirar os gestos exteriores de Jesus viram nele muitas vezes apenas um personagem histórico e isto impedindo o verdadeiro ato de fé. 

O papa Bento XVI, no ano de 2000, denunciava a tentação de reduzir Jesus Cristo, o Filho de Deus, a um simples Jesus histórico, vislumbrando nele mais a humanidade do que sua divindade. Um Jesus visto nos moldes dos historiadores, segundo os parâmetros da historiografia. Entretanto, alertava o citado Papa, “o Jesus histórico é um artefato, imagem de seus autores e não a imagem do Deus vivo.  Não é o Cristo da fé que é um mito, mas o Jesus histórico, que é uma figura mitológica, auto inventada por diversos intérpretes” Razão tinha Bento XVI de fazer este admoestação. De fato, muitas obras filosóficas ou literárias, certos professores, sobretudo, das Ciências Sociais nas Universidades desfiguram a autêntica personalidade de Jesus que se torna vítima das ideologias reinantes. 

Entretanto, o Jesus frágil, fatigado, dormindo é o mesmo Cristo forte que tem poder sobre os elementos da natureza e que operaria os mais admiráveis milagres com seu grande poder. Ele, Deus e homem verdadeiro. É necessária, porém, uma fé que nos conduz aos dois aspectos do Mestre divino, Verbo Encarnado. É esta fé que induz o cristão a ver no Jesus da História o Cristo Redentor de todos os homens. Porque Ele é o Bem-Amado do Pai, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade que se fez homem para nossa salvação, Jesus exige uma fé sem medo, que não seja inconstante, vacilante, à qual não imprime alento, determinação a seu epígono. 

A fé nele dá coragem e determina a  coragem. É preciso que se tenha plena consciência de que a fé é um ato de absoluta confiança e não uma simples adesão intelectual a enfronhar uma cosmovisão que não significa a imersão total no mistério de Jesus. Nesta trajetória terrena, porém, diante dos percalços naturais a um exílio, a fé é uma aliança do homem com Deus, uma abertura para uma presença na qual se existe, se vive e se move. 

O ato de fé vai muito além dos argumentos da razão humana, das evidências e das provas intelectuais. Estas são em si insuficientes. Porque o fiel acredita em Jesus, ele pauta sua existência segundo os ensinamentos do Filho de Deus. 

Esta fé deve levar a um aprimoramento espiritual contínuo e daí a prece que está registrada no Evangelho: “Senhor, aumenta-nos a fé” (Lc 17,3-6). As ações do cristão devem ser compatíveis com a confiança que ele deposita em Jesus e isto demanda esforço para um progresso ininterrupto nos caminhos da perfeição. Esta atitude é possível  dado que Cristo tantas vezes disse aos Apóstolos: “Não tenhais medo”  Portanto, esta  coragem gera a confiança e a confiança produz maravilhas na vida do cristão.

 
Design por 4God